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Chico Moita - Francisco Carlos Machado

Chico Moita - Francisco Carlos Machado

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Fazer o que deve ser feito

(Chico Machado)

Terça feira da 32ª Semana do Tempo Comum. Uma terça feira em que a liturgia nos permite celebrar a Memória de São Martinho de Tours, bispo. Filho de pais pagãos foi atraído ao cristianismo ainda aos 12 anos de idade, desejoso de ser um monge asceta e retirar-se para o deserto. Tornou-se o bispo da Cidade dos Turões, atual Tours, região central da França. Um de seus gestos que se tornou mais conhecido, foi de quando retirou o seu manto e vestiu um mendigo, refletindo a citação de Mateus: "Eu estava nu e me vestistes". (Mt 25,36) Ao final de sua vida, fez a entrega de si mesmo recitando esta oração: "Senhor, se ainda sou necessário ao vosso povo, não me recuso a sofrer. Seja feita a vossa vontade!" Não foi canonizado…formalmente por um papa, pois viveu e foi venerado antes que a Igreja Católica implementasse esse processo de canonização.

Uma terça feira em que as árvores e aves do meu quintal amanheceram em festa, depois da boa chuva que caiu na tarde/noite de ontem. O calor estava insuportável e, de uma hora para outra, São Pedro ficou carrancudo, e despejou a água em profusão do céu. O tempo estava tão seco que centenas de pássaros ficaram em meu quintal, cantarolando feito crianças na chuva. Cada folha, acolhendo com alegria, a água que caia. Literalmente um banho de chuva. Só não fiz companhia a eles, por causa dos relâmpagos, acompanhados pelos fortes trovões. Fiquei só na vontade, de fazer a criança que dormita dentro de mim, se divertir também na chuva. Depois da chuva, o clima era outro, predominando o frescor, bom para dormir o sono dos justos.

Para os amantes da boa leitura, hoje é um dia especial. A humanidade recebia da comunidade russa o nascimento do filósofo e escritor, Fiódor Dostoiévski (1821-1881). É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história. Precursor do existencialismo, para quem deseja fazer uma incursão pelas suas obras, aconselho começar pelo livro "Notas do Subterrâneo ou Cadernos do Subterrâneo", obra publicada em 1864. Trata-se de uma novela de Dostoiévski, em que o personagem faz um mergulho nas profundezas do desespero humano. Uma das frases atribuídas a este pensador resume toda a sua caminhada existencialista literária: "Todos somos responsáveis de tudo, perante todos. Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão".

A literatura é sumamente importante, mas a nossa caminhada aqui é no intuito de meditar com o texto que a liturgia nos possibilita refletir na nossa caminhada de fé. O Evangelho da vez é o de Lucas que, sequencialmente, estamos lendo neste final do ano litúrgico do Ciclo C. Quatro versículos apenas, em que Jesus continua com a prática pedagógica de "ensinante", para os "aprendentes" discípulos, se assim quisermos falar a mesma linguagem de nosso educador maior Paulo freire, que nos assegurava que todos devemos ser "ensinantes" a "aprendentes" ao mesmo tempo. Uma relação dialética, recíproca e horizontal, se assim quisermos recusar a "educação bancária", propondo um processo dinâmico no qual os papeis se misturam e se transformam constantemente.

Jesus ensinando os seus discípulos porque, de agora em diante, eles serão os apóstolos continuadores da missão evangelizadora aos pobres, a partir da prática libertadora do Mestre Galileu. O cunho central de todo este ensinamento de Jesus está contido na última frase do texto de hoje, em que Ele afirma diante dos seus: "quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer". (Lc 17,10) Fazer o que deve ser feito, é a missão de todos e de cada um de nós, fundamentados pelas palavras do Evangelho, quando nos colocamos na mesma caminhada com Jesus, fazendo adesão ao seu projeto do Reino. Servos conscientes da missão de servir sempre, como foi toda a vida do Jesus histórico na sua caminhada pela periferia da Palestina de seu tempo.

"O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos". (Mt 20,28) Servir é a missão de quem abraça as causas com Jesus. Fazer o que precisa ser feito, pois na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a disposição e entrega para o serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum de todos e todas. Ter a humildade suficiente para nos colocarmos no lugar do serviço gratuito, lembrando que Deus não precisa de nós e nem da nossa ajuda, mas quer contar conosco para o seu projeto de amor, aqui e agora personificado em Jesus de Nazaré. "Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça". (Jo 15,16)

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