Chico Moita - Francisco Carlos Machado
Francisco Carlos Machado
CHICO MOITA
REFLEXÕES DIÁRIAS

Esperança resistente
26/11/2025
Quarta feira da 34ª Semana do Tempo Comum. Somos seres de esperança. Ela está presente no cerne de nossa existência, como algo constitutivo do ser humano, muito embora, alguns dos viventes entre nós, se esquecem dela, ou a guardam no mais íntimo de seus seres. Não é possível ser uma pessoa de fé, sem conjugar, todos os dias, esta experiência de esperança divinal que Deus plasmou em nossos corações. Ela está presente na esquina do nosso pensamento, à espera que dela, nos apossemos, para fazer o encanto dos nossos sonhos florescerem.
Para quem não conhece a irmã esperança, é bom que façamos uma incursão pelos caminhos desenvolvidos pelo apóstolo Paulo, para que possamos, com ele, conhecer melhor esta parceira da caminhada. Para São Paulo, a esperança é a certeza da glória futura, enraizada na fé em Deus e na ressurreição de Jesus, aliadas às expectativas humanas que os nossos sonhos nos trazem. Cada sonho sonhado é a possibilidade da esperança renascer em forma de dialogo com a realidade, que desejamos que aconteça.
A esperança para aquele homem que "caiu do cavalo", incidente pelo qual, desenvolveu todo o seu processo de conversão, a esperança se manifesta como uma virtude que traz perseverança diante das tribulações, pois a esperança cristã não decepciona, sendo confirmada pelo amor de Deus derramado pelo Espírito Santo e projetada para a vida após a morte, quando faremos o encontro pessoal com o nosso Criador.
Não menos importante, mas seguindo na mesma direção, nos deparamos com a esperança de nosso Mestre Pedagogo Paulo Freire, que aflorou no nosso sonho educador que queremos ser. Para ele, a esperança é um verbo de ação, "esperançar", que implica em lutar, insistir e persistir, construir e não desistir. Olhar o horizonte, fincar os pés no chão e caminhar de mãos dadas com os irmãos.
Esperançar fazendo e acontecendo, nas lutas que travamos no dia a dia, para ver acontecer um novo mundo, que o cristianismo traduz como o Reino de Deus. Esperançar, que não é a mesma coisa que esperar passivamente, já que o "esperançar" é uma prática ativa que exige a participação coletiva, a construção de um "inédito viável" e a crítica à resignação, pois ela é a força que nos move para a transformação social e a busca por um mundo mais igual, humano, fraterno e justo.
Esperançar que acontece na história humana, com a chegada de Jesus - encarnação do Verbo, tornando possível a presença viva de Deus no meio de nós. Emanuel, Deus-conosco, um de nós, no meio de nós. Ao encarnar em nossa realidade humana, Jesus revela a face de Deus e oferece a salvação, sendo por isso o mediador da revelação de Deus. O esperançar de Deus acontecendo na nas entrelinhas da encarnação de seu Filho, permitindo assim a união da divindade e da humanidade em uma única pessoa: Jesus de Nazaré.
Este mesmo Jesus, que no texto lucano de hoje, trata de ensinar e orientar os seus discípulos, sobre os acontecimentos trágicos do futuro na vida deles, se permanecerem fiéis no testemunho daquele que ressuscitará ao terceiro dia: "sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome". (Lc 21.12) Entretanto, esta fala de Jesus não tem o objetivo de amedrontá-los, mas tão somente, reacender a esperança deles, para que as dificuldades encontradas não os desanimem diante dos desafios ocasionais.
É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!" (Lc 21,19) Esta é a certeza que os discípulos de Jesus, e cada um de nós devemos levar adiante, com o nosso firme esperançar. É nas incertezas da vida, que a certeza de Deus se faz presente, para aqueles que acreditam e fazem das suas vidas uma esperança resistente e teimosa. Esperançar de alegria, com palavras e ações cotidianas, para que assim, o fazer de Deus se concretize no Reino, feito à medida dos nossos sonhos de vida plena que queremos ter.

O Templo enquanto instituição
25/11/2025
Terça feira da 34ª Semana do Tempo Comum. O mês de novembro vai caminhando rapidamente para entregar o bastão ao último mês do ano. Enquanto isso, a primavera segue ditando as regras por aqui. Os dias se intercalam com um forte calor e tempestades ao final do dia. Uma primavera diferente para algumas cidades deste nosso imenso país, que tem sofrido com as tempestades e vendavais, comprovando aquilo que tem apertado os estudiosos das mudanças climáticas. Enquanto isso, à nossa volta por aqui, os pequizeiros já oferecem os seus frutos. Segundo os mais antigos, o pequi do cemitério, onde nosso bispo Pedro tem o seu túmulo, é o melhor da cidade, embora muitos, nem querem saber desta história: "imagina, comer pequi do cemitério!"
Foi sob o aroma deste pequizeiro, que me fiz orante com Pedro nesta manhã de tempo nublado. O "campo santo" quase todo tomado por aquele imenso pequizeiro. Criado no pequi como sou, na minha saudosa cidade mineira de Montes Claros, com o cheiro que exala, desperta em mim a vontade de comer aquela comida que a nossa mãe carinhosamente nos preparava. Lembrei-me de um dos textos do Livro do Êxodo, em que os israelitas estavam atravessando o deserto e caíram na tentação de querer voltar para o Egito, porque ali tinha peixes, pepinos, melões, alhos e cebolas, apesar de serem escravos. "Saudades das cebolas do Egito". Esta saudade ilustra a dificuldade do povo em se adaptar à nova realidade e a resistência em abandonar o passado, mesmo que negativo.
O dia 26 de novembro marca a passagem (páscoa), de um dos grandes poetas do período colonial brasileiro. Estamos falando do soteropolitano Gregório de Matos (1636-1696) É considerado um dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa no período colonial. Dono de uma personalidade rebelde, Gregório de Matos recebeu o apelido de "Boca do Inferno" por causa de sua poesia satírica, que criticava sem piedade, especialmente a Igreja Católica, o clero e a sociedade baiana da época. Criticava abertamente a corrupção, o moralismo e o comportamento de padres e freiras em seus poemas. Ele não poupava ninguém e suas sátiras eram consideradas agressivas para a época, tanto que, por esse motivo, foi perseguido pela Inquisição e condenado ao degredo em Angola no ano de 1694, vindo a falecer em Recife dois anos depois.
A pouco menos de um mês para o Natal, seguimos daqui refletindo com o Evangelho de Lucas. Desta vez, Jesus está dialogando com algumas pessoas, acerca da admiração delas sobre o Templo. Se aqui Jesus ouve destas pessoas a beleza que elas viam nas paredes do Templo, o mesmo texto que aparece de forma paralela em Marcos 13,1-8, é um dos discípulos que revela a Jesus a sua admiração por aquela obra suntuosa: "Quando Jesus saiu do Templo, um discípulo comentou: Mestre, olha que pedras e que construções!" (Mc 13,1) Certamente, enquanto arquitetura, a maravilha do Templo saltava aos olhos de seus visitantes. O problema estava naquilo que ele representava enquanto instituição que promovia a exploração, alimentando os privilégios de uma sociedade elitista, que se beneficiava com a manutenção daquela sociedade estratificada e desigual.
Para Jesus, enquanto instituição hierarquizada, o Templo físico de Jerusalém não era apenas um edifício sagrado, mas um símbolo que ele transcendeu ao se referir ao seu próprio corpo, que é o novo templo onde Deus habita. A partir de então, as pessoas podem se conectar com Deus através da pessoa d'Ele, sem a necessidade de um local específico. Se antes, o Templo era o lugar onde os judeus buscavam Deus, com a sua vinda, se tornaria desnecessário como único local de conexão com o divino. Jesus ensina os seus discípulos que após a sua morte e ressurreição, Ele se tornaria o novo templo, o lugar onde a presença de Deus se manifestaria de forma mais direta. Isto quer dizer que a vivência da espiritualidade não se limita a espaços físicos, mas à forma como nos relacionamos com Deus e com o próximo.
"Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído". (Lc 21,6) Aliás, esta destruição do Templo de Jerusalém não ocorreu apenas uma vez em sua história. Ele que havia sido destruído por volta de 586 a.C., pelos babilônios, nesta segunda vez, que é a fala de Jesus no texto lucano desta terça feira, aconteceu no ano 70 d.C., pelos romanos. Num primeiro momento, o Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido. Todavia, Jesus salienta que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e as pessoas. A religião, enquanto instituição, é uma organização social que sistematiza e formaliza uma fé ou crença religiosa, estabelecendo normas, regras e estruturas para guiar a fé das pessoas. Entretanto, o que não pode acontecer é o Templo se transformar em ferramenta de exploração da fé com sua forma hierarquizada, impedindo que o carisma e a espiritualidade, sejam transformadas em mecanismos de exploração da pessoas, através de uma fé alienada e desconexa da realidade.

Entre a caridade e a solidariedade
24/11/2025
Segunda feira da 34ª Semana do Tempo Comum. Uma semana que se inicia e que também se descortina no horizonte de possibilidades para cada um de nós. Viver a vida na sua integralidade é viver buscando os sonhos de nossas realizações pessoais e comunitária. Ficar parado não existe para quem quer ver os seus sonhos realizados. Cada dia é um dia, em que vamos escrevendo a nossa historia no livro da vida. Os mais acomodados, preferem que os outros escrevam por si, mas isto não é o melhor caminho. Quem ama de verdade, e segue as diretrizes de Jesus, abre os olhos para a realidade e não age de forma alienada, diante dos acontecimentos da vida, sejam eles no campo da religião, na vida politica, social e econômica em que vivemos.
Abrimos a semana do pós Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que foi realizada em Belém, no Para nos dias 10 a 21 de novembro de 2025. Apesar do empenho de grandes lideranças mundiais e nacionais, confesso que não veremos grandes mudanças acontecerem, em relação às agressões que, sistematicamente vamos cometendo em relação à natureza. A ganância e o lucro farto dos grandes e poderosos continuarão acontecendo, no processo destrutivo que fazem acontecer na nossa "Casa Comum". Viajando à Cuiabá, percebi isto a olhos nus, diante do grande desmatamento provocado pelo agronegócio. Não é à toa que o governador deste estado tem insistido em retirar o Mato do Grosso da região amazônica, para quem sabe, continuar o processo de terra arrasada e envenenamento total.
Vivemos numa sociedade estratificada, dividida em camadas hierárquicas, baseada nos critérios de riqueza, poder, prestígio, por um lado, e de outro, a pobreza, a falta de garantia dos direitos básicos educacionais, de moradia e trabalho remunerado dignamente. É esta força hierárquica, dos mais ricos e poderosos, que determina o modo de ser de nossa sociedade, que não condiz com o sonho de Deus para os filhos seus. Infelizmente esta força diabólica, está presente também num determinador setor da nossa Igreja que, além de promover uma evangelização midiática de alienação, se aliam aos poderosos, mantendo uma vida bem distante daquilo que Jesus pediu para os seus seguidores: "Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias…" (Lc 103-4)
Bem diferente a proposta de Jesus, que fica evidente no texto de Lucas que a liturgia nos reservou para esta segunda feira. Jesus está observando as pessoas depositando suas ofertas no tesouro do Templo. Estas doações eram depositadas em cofres específicos no "Pátio das Mulheres" e tinham diferentes destinações, como a construção, manutenção e suprimentos do Templo, além de ofertas de expiação ou de gratidão. Os ricos também iam ao Templo para fazer as suas "ofertas" em forma de ouro, prata e coisas de alto valor. Já os pobres tinham a opção de ofertar coisas de menor valor que, baseado na Lei Mosaica, podiam oferecer sacrifícios de menor custo, como alternativa aos animais maiores (bois, ovelhas ou cabras), que eram mais caros.
Naquele contexto descrevido por Lucas, Jesus observa uma viúva pobre, trazendo a sua oferta em forma de duas moedas pequenas. A cena é emblemática porque no tempo de Jesus, as viúvas eram mulheres em situação de vulnerabilidade, pois a sociedade as deixava desprotegidas econômica e socialmente, após a morte do marido. Muitas delas dependiam da caridade, dos parentes (como um pai ou filho adulto) ou de esmolas para sobreviver. Não obstante a sua situação precária, estas mulheres eram objeto de exploração das autoridades religiosas, que delas se aproveitavam, como os escribas, por exemplo.
Aquela pobre mulher dá tudo o que ela tem inclusive aquilo que era extremamente necessário para a sua sobrevivência. Esta situação nos faz pensar em dois conceitos opostos, mas que muitas pessoas não percebem: "caridade" e "solidariedade". Caridade e solidariedade são termos relacionados à ajuda ao próximo, mas se diferenciam principalmente em sua perspectiva: a caridade é vista como uma ação mais vertical, onde um indivíduo ou grupo com mais recursos "ajuda" de forma pontual quem tem menos; já a solidariedade é uma abordagem horizontal, baseada no sentimento de fraternidade, igualdade e partilha, onde as pessoas são vistas como iguais e responsáveis umas pelas outras em um trabalho continuado em favor do bem comum. Eduardo Galeano tem uma frase significativa neste sentido quando diz: "A caridade é humilhante porque é exercida verticalmente, de cima para baixo; a solidariedade é horizontal e implica respeito mútuo".
Enquanto os fariseus, saduceus, escribas e doutores da Lei exploram os pobres e as viúvas, roubando suas casas, uma viúva pobre deposita no Tesouro do Templo tudo o que possuía para viver. Ao elogiá-la, Jesus mostra que numa sociedade que acredita em Deus e segue os princípios e valores do Evangelho, precisa estabelecer relações que valorizem a vida humana em primeiro lugar, principalmente onde ela está sendo ameaçada. Sociedade de contrastes: os ricos e a viúva, a miséria e o supérfluo. O pouco da pobre viúva é tudo aos olhos de Deus, enquanto o muito dos ricos é simplesmente supérfluo e indesejado por Deus, no seu plano de amor solidário aos pequenos. Somente Deus vê o nosso coração e nos conhece profundamente. Sua relação com o outro é caritativa ou solidária? Fica a pergunta.

A Cristologia da Cruz
23/11/2025
34ª Semana do Tempo Comum. Solenidade de Cristo Rei do Universo. Mais uma vez, a cor Litúrgica é vermelha. Com esta Solenidade, a Igreja encerra o Ano Litúrgico C, em que estivemos refletindo e meditando com a ajuda do Evangelho de São Lucas, nosso companheiro na caminhada de fé neste período. O próximo Ano será o do Ciclo A, em que Mateus nos conduzirá, com exceção nas solenidades, em que a liturgia escolhe textos específicos de um dos quatro evangelistas.
A temática central da Solenidade deste domingo é Cruz. Ela que entra no itinerário histórico de Jesus, não porque Deus assim o quisesse, mas por obra e graça da crueza do coração humano que, além de não aceitar Jesus como o Messias enviado de Deus, tratou de pendurá-lo numa, como se a morte fosse o destino final do Filho de Deus. As autoridades religiosas, que não tinham o poder de condenar e matar Jesus, se aliaram ao poder romano, a quem coube a sentença final da morte na cruz.
Morrer na cruz era uma das piores sentenças aplicadas aos malfeitores, o que não era o caso de Jesus. Ele representava uma ameaça à ordem constituída daquela sociedade, seja no âmbito religioso, como na política. Lembrando também que naquela época, a crucificação era geralmente reservada e aplicada a escravos, estrangeiros e criminosos de menor importância, especialmente aqueles que haviam cometido crimes violentos ou traição. Era uma punição cruel reservada para os não "cidadãos romanos".
A Cristologia, em seus estudos, define o Filho de Deus como o "Jesus Histórico", e o "Jesus da Fé". O primeiro é aquele Jesus de Nazaré, que viveu sua vida pública, desenvolvendo o ministério messiânico na Galileia entre os pobres e marginalizados, como as prostitutas, os doentes, cobradores de impostos e até mesmo os pagãos; o segundo é o "Cristo da Fé" pós pascal, que desce da cruz e é ressuscitado pelo Pai, que detém a última palavra, e esta é a vida em sua plenitude para os filhos seus.
Nem os discípulos de Jesus, que caminhavam com Ele, tinham esta convicção de que Jesus ressuscitaria, apesar d'Ele os terem preparado e ensinado. Esta incerteza aparece na fala de um dos discípulos que, a caminho de Emaús, sem perceber que caminhavam com o Ressuscitado, relata a sua frustração com a morte iminente de Jesus: "Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu! (Lc 24,21) Para alguns dos discípulos, a ficha demorou a cair e só vão se acostumando com a ideia, depois das sucessivas aparições de Jesus, devolvendo-lhes a coragem para seguirem em frente, na missão de testemunhar e anunciar o Reino.
Celebrar o Cristo, Rei do Universo é celebrar a Glória do Pai, que se faz presente na caminhada histórica de Jesus de Nazaré, tendo a roteiro da cruz em sua vida, como fidelidade ao projeto do Pai. Como servo de Deus, foi até o fim, dando sua vida pelas causas do Reino. Jesus é crucificado como criminoso, entre criminosos. Mesmo sendo martirizado e, entre a curiosidade do povo e o escárnio dos chefes e soldados, faz ecoar a palavra de perdão: os responsáveis pela morte de Jesus devem ser perdoados, porque não conhecem a gravidade e as consequências do próprio gesto.
A fala de um dos oficiais presentes no cenário da crucificação define quem era aquele crucificado: "de fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 16,39) O letreiro da cruz, indicando a causa da condenação, proclama para todos a chegada da realeza que dá a vida. No momento em que tudo parece perdido, Jesus se mostra portador da salvação. Ele anunciou a salvação aos pecadores, durante a sua vida; agora, na cruz, a oferece ao criminoso. Jesus não está sozinho na cruz. Acompanham-no todos aqueles e aquelas que são condenados/as por uma sociedade que não aceita o projeto de Deus e que clamam: "Lembra-te de todos nós que ainda não conseguimos conceber na sua amplitude a Cristologia da Cruz que liberta e salva!"

Eu Sou a Ressurreição
22/11/20258
Sábado da 33ª Semana do Tempo Comum. Neste sábado, a liturgia celebra a Memória do Martírio de Santa Cecília. É por este motivo que a estola que o padre usa na celebração de hoje é na cor vermelha. A liturgia celebra com a cor vermelha, porque ela simboliza o sangue derramado de Jesus, o sangue dos mártires da caminhada e o fogo do Espírito Santo. Santa Cecília foi, portanto, martirizada, mas antes de morrer, segundo dizem, ela pediu ao Papa Urbano I, que distribuísse seus bens aos pobres e transformasse sua casa em uma igreja.
Padroeira dos músicos e da música, Santa Cecília nasceu em Roma no ano de 180 d.C. e faleceu no dia 22 de novembro de 230 d.C. Jovem romana de família nobre, viveu no século III, durante o Império Romano. Converteu-se ao Cristianismo e fez o voto de virgindade, mesmo sendo casada. Não foi canonizada pelo processo formal da Igreja, mas aclamada pela devoção popular, ao longo dos séculos. Como gostava de cantar, é lembrada por uma das frases, atribuídas a São Gregório, "Quem canta, reza duas vezes".
O tema central da liturgia deste sábado é a Ressurreição. A narrativa de Lucas hoje, gira em torno desta temática. Recordando que, para o cristianismo, a Ressurreição é a fé de que Jesus de Nazaré voltou à vida três dias após sua crucificação, triunfando sobre a morte e o pecado. Este evento é a convicção central da fé cristã, significando a esperança de uma vida nova e eterna para todos aqueles e aquelas que creem. Além de significar a vida plena em Cristo, a Ressurreição é a garantia de que a morte não tem a última palavra, a palavra final, pois Deus o desceu da cruz, dando-lhe a vida plena, acima de todos, e os que crêem, também com Ele ressuscitarão.
A perícope de Lucas escolhida para a nossa reflexão hoje, que também está presente em Mc 12,18-27, inicia com uma situação controversa, trazida pelos saduceus a Jesus. Para início de conversa, os saduceus não acreditavam na ressurreição. Eles eram judeus que faziam parte da elite religiosa, política e econômica na época. Estavam associados aos sacerdotes e ao Sinédrio, tribunal judaico supremo em Jerusalém. Eram materialistas e, por isso, só acreditavam naquilo que estava escrito na Torá, a Lei sagrada do judaísmo, negando a ressurreição e a vida após a morte. Os saduceus também faziam alianças com as autoridades romanas, para preservar seu poder e o controle sobre o Templo de Jerusalém.
"Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele". (Lc 20,38) Somos filhos e filhas de Deus e não fomos criados para a morte, mas para a vida plena. Ao se contrapor aos saduceus e sua mentalidade materialista, Jesus os desarmam mostrando-lhes que a vida humana está acima de tudo e que mesmo na Torá, estava presente o poder supremo de Deus com a sua onisciência e onipresença transcendental. E que o Filho do Homem, veio para que a vida humana alcançasse a sua plenitude, cumprindo assim o sonho majestoso de Deus para a humanidade com a presença do Verbo Encarnado.
"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá jamais". (Jo 11,25-26) Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus e fazem o seguimento. Ao desmoralizar os saduceus, Jesus apresenta o ponto central das Escrituras: Deus é o Deus comprometido com a vida. Ele não criou ninguém para a morte, mas para a aliança consigo para sempre. Desta forma, a vida da ressurreição não pode ser imaginada como uma cópia do modo de vida que vivemos aqui neste mundo.
A vontade do Pai
(21/11/2025)
Sexta feira da 33ª Semana do Tempo Comum. Neste dia 21 de novembro, a Igreja Católica, celebra a Memória da Apresentação de Maria no Tempo. Esta celebração litúrgica aparece no Missal Romano, estabelecida pelo Papa Gregório XI, em 1505, apenas para a corte papal. Entretanto, coube ao Papa Sisto V, em 1595, ordenar que fosse celebrada em toda a Igreja.
A Apresentação de Maria no Templo, trata-se de uma cerimônia religiosa, que relembra o dia em que os pais de Maria, Joaquim e Ana, a levaram ao Templo de Jerusalém, para consagrá-la a Deus. Este evento não aparece nos Evangelhos, sendo mencionado apenas nos escritos apócrifos, simbolizando assim a entrega total de Maria a Deus e sua preparação para se tornar a Mãe de Jesus.
Segundo a tradição apócrifa, sobretudo no Proto-Evangelho de Tiago, que teria sido escrito provavelmente por volta do ano 150 d.C., Maria foi levada ao Templo, com cerca de três anos de idade, para cumprir uma promessa de seus pais, por terem tido uma filha após grande sofrimento.
Lembrando que os Evangelhos Apócrifos são textos do início do cristianismo, que não foram incluídos na Bíblia canônica, sendo chamados de "apócrifos" por terem sido considerados "escondidos" ou "não autênticos" pela igreja, após o Concílio de Niceia, em 325 d.C. Estes textos preenchem lacunas históricas e narrativas, especialmente sobre a vida de Jesus, Maria e dos apóstolos, e são importantes para entendermos a diversidade do cristianismo primitivo. Embora não sejam considerados canônicos ou inspirados, alguns deles têm grande valor literário e histórico.
Maria é a Mãe de Jesus, Mãe de Deus e nossa. Uma mulher simples e pobre, da periferia de Nazaré, escolhida por Deus para fazer parte, de forma significativa, do projeto libertador de Deus para a humanidade. Com um Sim decisivo e corajoso, ela subverte as estruturas da sociedade de sua época, já que, naquele contexto, as mulheres eram inferiorizadas e viviam completamente à margem. Aceitando a proposta de Deus, Ela entra como protagonista da encarnação do Filho de Deus na história humana.
Por ser uma narrativa que não está contida nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e nem no Evangelho de João, o texto escolhido pela liturgia de hoje é o de Mateus 12,46-50. Este texto também aparece paralelamente em Marcos 3,31-35, em que ambos, relatam a definição de quem faz parte da família de Jesus, desmistificando o possível entendimento daqueles e daquelas que fazem parte da relação de proximidade familiar com Jesus de Nazaré.
Mateus salienta que, enquanto Jesus está falando às multidões, sua Mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, tentando com Ele falar: "Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo". (MT 12,47) Este recado, dado a Jesus, desencadeia todo o processo de reflexão para chegarmos a compreensão de quem, de fato, é a parte integrante da família de Jesus.
"Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (MT 12,50) Esta é a família de Jesus que se compõe de todos aqueles e aquelas que, estando com Ele, e caminham na mesma estrada d'Ele, fazem a vontade do Pai. Mas, qual é afinal, a vontade do Pai? Para sabermos qual é esta vontade, precisamos fazer o discernimento. Fazer a vontade de Deus é dar continuidade a missão de Jesus. Seguindo os passos d'Ele, vamos aprendendo os seus ensinamentos, para levá-los aos outros. Engana-se quem pensa que a família de Jesus é constituída apenas por aqueles que estão entre as quatro paredes do Templo, cumprindo preceitos e normas devocionais.

Escondido aos olhos
(20/11/2025)
Quinta feira da 33ª Semana do Tempo Comum. Um dia especial para a história do Brasil. No dia 20 de novembro, comemoramos o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Esta data foi criada por meio da Lei 12.519/2011, simbolizando a luta contra o racismo e toda forma de discriminação racial no Brasil. No dia de hoje celebramos a resistência de Zumbi dos Palmares e dos africanos escravizados, contra o sistema perverso da escravidão.
Uma data importante, pois foi no dia 20 de novembro que Zumbi foi assassinado. Zumbi dos Palmares (1655-1695) foi o último líder do Quilombo dos Palmares e também o de maior relevância histórica. Lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Ele não admitia a dominação dos brancos sobre os negros e, portanto, tornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história brasileira. A partir da Lei nº 14.759/2023, o Dia da Consciência Negra foi transformado em feriado nacional.
A questão racial no Brasil é algo que precisa ser trabalhado, seja na educação, e até mesmo na evangelização desenvolvida pela Igreja. Igreja esta que, nos primórdios da colonização portuguesa, com algumas exceções, estava presente no barco dos colonizadores. Desta forma, foi cúmplice e conivente com o massacre de negros e indígenas, durante o processo colonial. Lembrando também, que a Igreja possuía os seus escravos, contribuindo assim para o regime escravagista.
Diferente do 13 de Maio, que através da Lei Áurea, trouxe a "falsa liberdade para o povo", já que foram entregues à própria sorte, sem nenhuma assistência dos poderes públicos, o dia 20 simboliza o dia de luta e resistência para o Movimento Negro Unificado (MNU), que segue na luta contra a opressão do povo negro no Brasil, que mantém vivo o racismo estrutural e institucional. Como diria Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar".
O contexto do texto que a liturgia hoje nos traz, descreve uma das poucas cenas de Jesus chorando sobre o fim que levou Jerusalém. A cidade que mata os profetas e se transformara na religião a serviço da opressão e não da libertação. Libertação esta que estava escondida aos olhos das lideranças religiosas e dos donos do poder político e econômico. O Templo que deveria ser o lugar de encontro das coisas de Deus e do sonho de vida nova, se convertera num covil de ladrões impiedosos. Por isso, Jesus profetiza: o seu fim está próximo.
"Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra". (Lc 19,44) Aquela que era considerada pelo judaísmo e também pelo cristianismo a "Cidade Santa" se perdeu em meio aos seus caminhos tortuosos e não sabe qual é o caminho da verdadeira paz. Os olhos dela estão tapados: ela se tornou o centro da exploração e opressão do povo, enveredando por um caminho que é o avesso do caminho da paz. Ela será destruída, porque não quer reconhecer na visita de Jesus a ocasião para mudar as próprias estruturas injustas, abrindo-se ao apelo de Jesus.
Manter os olhos escondidos da verdade, da paz e da justiça, é virar as costas para o projeto libertador de Deus, anunciado e vivido por Jesus. Quando fechamos os olhos para a realidade dos irmãos que sofrem e são explorados, fechamos também os olhos para o sonho de Deus de vida nova e plena para todos os filhos seus. Enxergar o outro com os olhos da fé, que liberta e salva, é abrir os olhos para o coração de Deus que habita e bate forte nos corpos sofridos dos filhos seus. Deus não se encontra num lugar distante e inacessível, mas faz morada definitiva em todo aquele e aquela que anseia por libertação. "Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os vossos corações!" (Sl 95,8)

A gratuidade dos dons
(19/11/2025)
Quarta feira da 33ª Semana do Tempo Comum. Estamos indo em direção para a conclusão de mais um ano civil de nossa história. O tempo segue veloz e, quando menos esperamos, já estaremos lá. É necessário viver intensamente cada dia, pois eles são únicos e não voltarão mais. Por isso, é necessário que nos esforcemos para dar o melhor de nós a cada dia, fazendo a diferença para que aconteça outro mundo possível, com a nossa contribuição direta. Isto também serve para as nossas relações, inspirando nas palavras atribuídas a Shakespeare, mas é uma adaptação de um poema de Veronica Shoffstall: "Sempre devemos despedir as pessoas com palavras de amor, pois pode ser a última vez que as veremos".
Por falar em poema, no dia de hoje, fazem 58 anos da morte de um dos nossos maiores poetas brasileiros. Estamos falando de Guimarães Rosa (1908-1967). Mineiro de Cordisburgo, João Guimarães Rosa foi contista, romancista e poeta. Um dos meus preferidos, principalmente quando iniciei a minha incursão pela literatura brasileira. Comecei por "Sagarana" (1946), e me deliciei com "Grande Sertão Veredas" (1956). Trago ainda hoje na memória as artes desenvolvidas pelo protagonista e narrador Riobaldo e seu grande amor e companheiro de jagunçagem Diadorim, Neste livro, Guimarães Rosa descreve a história que se passa no sertão, explorando temas como o bem e o mal, a existência de Deus e do Diabo, a honra e a natureza humana.
Nesta quarta feira a liturgia nos desafia a refletir mais uma vez com o Evangelho de Lucas, com Jesus subindo à Jerusalém, a frente de seus discípulos. Diante da inquietação dos discípulos, quanto à chegada do Reino, Ele lhes conta mais uma parábola, no intuito de desvendar o mistério da vinda do Reino. É bom lembrar que esta caminhada de Jesus à Jerusalém, mais do que uma caminhada geográfica, trata-se de uma caminhada teológica, onde Ele, diante do que lhe vai acontecer em Jerusalém, trata de encorajar os seus discípulos, tendo como referência a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Algo que os discípulos, demoraram para assimilar e aceitar, como parte da realização do plano de Deus, quanto a encarnação de seu Filho no meio da humanidade.
Teologicamente, o Reino "já está" e "ainda não". O Reino de Deus é uma realidade presente o (o "já") e também uma realidade futura (o "ainda não"), ao mesmo tempo. Sendo assim, os que acreditam em Jesus, e tem a intenção firme de segui-lo, já experimentam esta presença do Reino através de atos de amor, graça e justiça, mas também ainda aguardam, com relativa ansiedade, a sua manifestação plena e final de Cristo, naquilo que a escatologia chama da segunda vinda de Cristo. Com o mistério da encarnação de Jesus, o Reino de Deus foi inaugurado no mundo. Entretanto o "ainda não" está por vir, com a manifestação completa, já que o Reino de Deus ainda não veio em sua plenitude. Assim, vivemos numa atitude de espera, mas não uma espera passiva e acomodada, mas uma espera atuante, de forma vigilante de quem está preparado para a chegada deste grande dia.
Filosoficamente, esta realidade transcrita acima, aparece com aquilo que a filosofia chama de "Devir humano". Este devir se refere ao processo de transformação e de constante mudança do ser humano, abrangendo tanto as transformações biológicas quanto as culturais, sociais e de fé. Este devir reforça a ideia de que o ser humano está num estado de permanente "tornar-se" e não possui uma identidade fixa, pronta e acabada, conforme o entendimento do filósofo Heráclito. Segundo ele, através da educação, os valores e a própria existência, são vistos como caminhos desenvolvidos nessa jornada de constante desenvolvimento e adaptação. Este conceito também se aplica a vivência da fé, pois ao longo do tempo, vamos amadurecendo e crescendo cada vez mais, em direção do entendimento e maior conhecimento da pessoa de Jesus de Nazaré.
Para fazer esta caminhada, Deus nos concede, de forma gratuita, os seus dons. Dons que não são merecimentos nossos, mas gratuidade de Deus que, na sua transcendência infinita de Pai amoroso, vem até nós, e nos concede estes dons para que sejam trabalhados na construção do Reino de Deus no aqui e agora de nossa história. Estes dons nos são concedidos pela graça de Deus. Entretanto, para viver e desenvolvê-los, é necessário o nosso esforço, na caminhada de fé, no testemunho perseverante, e na busca constante da nossa conversão, para que possamos crescer cada vez mais e exercer estes dons nas relações que devemos estabelecer com os nossos irmãos e irmãs. Isto porque a caminhada de fé não se faz de maneira estática, mas em permanente transformação da realidade, baseando-nos nos valores do Evangelho.
A lógica de Deus presente na vida de Jesus é bem diferente da lógica humana que se baseia na indiferença e no comodismo, em relação à nova sociedade que Jesus veio inaugurar no meio de nós. Não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. Certamente que seremos cobrados pelos dons que recebemos, e não fomos capazes de fazê-los frutificar. Assim, devemos sempre nos perguntar: quais foram os dons que Deus me concedeu e o que eu estou fazendo para estes frutifiquem, quanto a perspectiva do Reino que precisa acontecer aqui e agora? Como diria Guimarães Rosa: "Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar".

Conhecer Jesus de perto
(18/11/2025)
Terça feira da 33ª Semana do Tempo Comum. Estamos a um passo de terminar este Ano Litúrgico C, sendo alimentados na nossa fé, com a grande contribuição do evangelista São Lucas. Uma madrugada chuvosa, com direito a relâmpagos e trovões aqui pelo Araguaia. A energia se foi ainda na madrugada, o que me obriga a rabiscar aqui pelo celular. Tempos modernos. Se fosse no tempo de nosso bispo Pedro, era a maquininha de escrever, que entraria em ação. Bons tempos aqueles. Naquele tempo, que não tínhamos ainda o computador, era comum chegarmos em sua casa e vê-lo escrevendo os textos na sua amiga e companheira máquina de escrever.
Como estamos a caminho do Dia da Consciência Negra (20), o dia de hoje é importante, pois nesta data, se comemora o Dia Nacional de Combate ao Racismo. Ela foi instituída para sensibilizar a nossa população sobre o racismo e suas diferentes formas de manifestação. Apesar de ocuparmos a segunda colocação, quando se trata da população negra do mundo, somos um país extremamente racista, de cunho institucional e estrutural. Ainda que, segundo dados do Censo de 2022, a população negra (pretos e pardos) representa a maioria dos brasileiros, totalizando cerca de 112,7 milhões de pessoas (55,5%). Todavia, essa população enfrenta os maiores índices de racismo, desemprego e desigualdades sociais. Isto porque, o racismo é crime no Brasil, definido como inafiançável e imprescritível pela Constituição Federal, no seu Art. 5º, XLII.
Ainda no clima do IX Dia Mundial dos Pobres, que celebramos neste domingo que passou, o texto da liturgia de hoje, segue nos possibilitando refletir sobre a realidade da pobreza e do empobrecimento de grande parte de nosso povo. Ressoa em nossos ouvidos o tema proposto para a reflexão deste ano: "Tu és a minha esperança". Jesus é a esperança dos pobres e, todos aqueles que quiserem afazer o seu seguimento, precisam estar atentos, a ter os pobres como destinatários primeiros de nossa evangelização. O texto de Lucas de hoje nos ajuda neste sentido, quando ouvimos Zaqueu dizer para Jesus: "Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais". (Lc 19,8)
Zaqueu era um judeu chefe dos publicanos (cobrador de impostos). Muito rico, mas odiado por seu povo por trabalhar para o Império Romano. Ele "desejava conhecer Jesus de perto" e, em decorrência de sua baixa estatura física, sobe numa árvore. Tudo que um homem de sua classe social daquela época, jamais faria. Conhecer Jesus de perto é estar preparado para uma conversão radical no modo de ser, agir e pensar. Jesus se surpreende com a atitude daquele homem, e se oferece para estar em sua casa com ele, recebendo a crítica feroz dos que ali se encontravam: "Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!" (Lc 19,7) A conversão de Zaqueu inicia-se com o desejo de conhecer Jesus de perto e se concretiza quando se dispõe a partilhar seus bens e devolver com juros o que roubou.
"Hoje a salvação entrou nesta casa". (Lc 19,9) Partilhar é a palavra-chave de quem se coloca na mesma estrada com Jesus. A sociedade proposta por Jesus não é a da acumulação de uns poucos, em detrimento da desigualdade que esta acumulação acarreta na vida dos pequenos. Se o Pai é nosso, o pão também é nosso. Isto fica muito evidente na mesa da partilha da Eucaristia: Jesus que se faz Pão para todos e todas. Comungar este Jesus sem a prática imediata da partilha é comungar indignamente do Pão que é Jesus. Quem não partilha não comunga da mesma proposta de Jesus. A partilha é o princípio fundamental do cristianismo. Partilha esta que, impulsionada pelo gesto concreto de amor visa o bem-estar todos e todas, tendo Jesus como exemplo, uma característica essencial da vida em comunidade, tendo como referência as primeiras comunidades cristãs: "Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um". (At 2,44-45)
Vivemos numa sociedade onde predomina a estupidez da ganância, do consumo exagerado e da divisão exacerbada de classes sociais. Esta forma de estruturação da sociedade é uma afronta ao Evangelho e a Doutrina Social da Igreja (DSI), pois a desigualdade social é um grande desafio e um problema grave que deve ser combatido por todos os que fazem a sua adesão a Jesus. A Igreja não vê esta desigualdade como um estado natural ou aceitável, mas como uma afronta à dignidade da pessoa humana, e um obstáculo ao bem comum. Pelo visto, alguns de nossa Igreja precisam "conhecer Jesus de perto", e passar por um processo profundo e radical de conversão, para daí fazer a sua opção pelos mais pobres de nossa sociedade. Com vistas a esta conversão, serve-nos de base o texto de Mateus: "Eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar". (Mt 25,35-36)

De excluído a protagonista
(17/11/2025)
Segunda feira da 33ª Semana do Tempo Comum. No dia de hoje, a Igreja Católica, celebra a Memória de Santa Isabel da Hungria, religiosa (1207-1231). Uma grande mulher da Idade Média (séculos V a XV) que, apesar de seu pouco tempo de vida (24 anos), é reconhecida por sua dedicação aos menos favorecidos, no cuidado aos doentes, especialmente por meio da fundação de hospitais. Pertenceu a Ordem Franciscana Secular (OFS), da qual ela é padroeira. Foi canonizada quatro anos após sua morte, pelo Papa Gregório IX. Sua rápida canonização se deu graças a sua profunda dedicação aos mais pobres. É celebrada no dia de hoje, pois foi nesta data que ela realizou a sua páscoa. Não deixou muitos escritos, mas esta frase reflete bem quem ela era: "Guardai-vos sempre do pecado para não acontecer de voltardes a ser o que eras".
Uma segunda em que a comunidade mundial celebra o Dia Internacional dos Estudantes. Se no Brasil o Dia do Estudante é comemorado, no dia 11 de agosto, O Dia Internacional dos Estudantes é celebrado anualmente em 17 de novembro. Esta data é uma homenagem à memória e bravura de um grupo de estudantes da antiga Tchecoslováquia, que lutaram corajosamente contra as tropas nazistas que invadiram o país, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esta data foi criada em 1941, em Londres, através da iniciativa do Conselho Internacional de Estudantes, como uma homenagem ao trágico episódio destes estudantes. Uns foram assassinados e outros foram levados para os campos de concentração, onde sofreram com as cruéis torturas do Holocausto sanguinário de Adolf Hitler.
Uma segunda feira em que a liturgia nos proporciona refletir com os últimos versículos do capitulo 18 de Lucas. Neste capitulo, já vimos de tudo um pouco: as parábolas da Viúva Persistente (1-8) e a do Fariseu e o Publicano (9-14), seguidas pelo encontro pessoal de Jesus com o jovem rico (18-30) e, no texto de hoje, teremos a oportunidade de meditar com a cura de um cego anônimo, perto de Jericó (35-43), que incomoda os discípulos, em busca de sua cura. Todos estes textos servem para reforçar a importância da oração persistente, da humildade, e do desafio da riqueza para seguir a Jesus, além da fé e da busca pela misericórdia gratuita e infinita de Deus para com os seus.
Jesus segue na sua caminhada rumo à Jerusalém. Desta vez, Ele está passando por Jericó, cerca de 20 e poucos km de seu destino. A cena ocorrida ali é desconfortante para os discípulos que, graças a sua insensibilidade, veem naquele homem alguém que está atrapalhando a caminhada de Jesus. "Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. Então o cego gritou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!" (Lc 18,36-38) Diferente de seus discípulos, Jesus faz questão de ter este encontro com aquele pobre homem, necessitado de cuidados. Jesus é sensível à necessidade dos pobres e doentes que sofrem
Tudo o que aquele pobre homem mais queria era ser curado da sua cegueira: "Senhor, eu quero enxergar de novo". (Lc 18,41) Significa que antes ele enxergava, e quer ter esta oportunidade de volta. Os pobres viam em Jesus a sua grande esperança de voltar a viver com dignidade. Primeiro ele chama Jesus de "Filho de Davi" e depois de "Senhor", numa clara demonstração de que, apesar da limitação física, de não poder ver, ele estava enxergando mais que os discípulos que, naquele momento, manifestaram a sua visão discriminatória da realidade sofrida por aquele homem. Jesus devolve a ele a sua visão e ainda enaltece a sua atitude de quem não desiste nunca: "A tua fé te salvou". (Lc 18,42)
De excluído, aquele homem passa a ser protagonista das suas próprias ações, tomando a iniciativa e fazendo o seguimento de Jesus, como o texto mesmo demonstra no versículo final: "No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus". (Lc 18,43) Esta é a vontade de Deus, expressa nas ações de Jesus, em favor dos pequenos. A cura deste homem cego simboliza a fé, que é a visão do compromisso com Jesus. De olhos abertos para nova maneira de ver e agir, ele segue a Jesus que vai dar a vida.
Esta perícope conclusiva do capitulo 18 de Lucas de hoje, serve para nós como um grande incentivo para irmos ao encontro dos pobres, excluídos e marginalizados. Não basta enxergar os pobres caídos no caminho. É preciso mudar o nosso caminho para irmos ao encontro deles, lá onde eles se encontram. Como bem expressou o Papa Francisco numa de suas falas: "ser cristão é uma questão de 'ser' (viver a fé) e não apenas de 'ir' (frequentar a igreja)". Mais do que sermos católicos, o desafio maior, é sermos cristãos seguidores de Jesus de verdade: agir como Ele, viver a fé no dia a dia, com atitudes de serviço, amor generoso, e saída para as periferias, geográficas e existenciais, em vez de apenas ir aos templos e julgar ou criticar os outros que estão no meio dos pobres, lutando pelas causas sociais, em favor dos menos favorecidos.
A cultura da indiferença
(Chico Machado) (16/11/2025)
33º Domingo do Tempo Comum. O tempo litúrgico é Comum, mas o dia é especial, pois neste domingo, celebramos o Dia Mundial dos Pobres. Data esta que foi instituída pelo Papa Francisco para sensibilizar a sociedade sobre a pobreza e promover ações de solidariedade e justiça social. Este dia faz parte de um contexto maior da 9ª Jornada Mundial dos Pobres (JMP), que neste ano traz como tema "Tu és a minha esperança" (cf. Sl 71,5). Inspirada pelo convite bíblico à esperança, a iniciativa busca fortalecer o compromisso da Igreja com as pessoas em situação de pobreza, promovendo a solidariedade, a escuta e o encontro fraterno. Esta celebração ocorre sempre no 33º Domingo do Tempo, que neste ano acontece no dia 16 de novembro.
Coincidentemente a data de hoje traz também uma reflexão importante, pois a comunidade internacional celebra o Dia Internacional da Tolerância. Criada em 1996, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), esta data tem o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os cidadãos e cidadãs, fomentando a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações, ainda mais neste contexto pluriétnico que é constituído o Brasil. Aqui no nosso país, ainda há a comemoração do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro. Para nós esta data possui o significado de também sensibilizar a população brasileira a respeitar as diferenças religiosas que existem no país. "As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto". (Mahatma Gandhi)
Apesar de todo o modernismo proveniente dos avanços da tecnologia, ainda vivemos intermeados pela cultura da indiferença, sobretudo em relação às comunidades mais pobres. As "pessoas de fé e do bem", até se sensibilizam em relação à caridade, mas mesmo esta, carece de uma melhor definição, pois, enquanto há a prática da caridade, estas mesmas pessoas se indispõem quanto à justiça social, se referindo a esta como algo oriundo do "comunismo", ou de uma ideologia presente na Teologia da Libertação. A caridade destas pessoas se constitui no ato de "dar esmolas", mas não se preocupam com uma ação social solidária, que possa trabalhar a situação da desigualdade de uma sociedade estruturada na exclusão, denunciada na Conferência Episcopal Latino-Americana de Puebla de 1979: "há ricos cada vez mais ricos às custas de pobres cada vez mais pobres". É preciso combater a cultura da indiferença com a cultura da solidariedade.
"Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram". (Mt 25,40) Ter fé significa manter o reconhecimento e um compromisso concreto com a pessoa de Jesus, que no dia hoje, através do texto de Lucas, está orientando os seus discípulos quanto a relação que estes devem ter com o templo. Na verdade, os discípulos estavam fascinados com a beleza do Templo e recebem a investida de Jesus, que profetiza a destruição do Templo de Jerusalém: "Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído". (Lc 21, 6) Isto que Jesus fala, acontece no ano 70 d.C., já que o Templo que era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido, havia se transformado no centro do poder político, econômico e religioso, promovendo a sociedade da desigualdade. Jesus salienta que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens.
O texto de hoje trata de um discurso escatológico de Jesus, que retrata os eventos futuros, como a vinda do Filho do Homem, o juízo final e o "fim dos tempos". Nele, Jesus também alerta sobre os falsos profetas, perseguições aos cristãos e a importância de permanecerem firmes até o fim, pois Deus é o Senhor da História. Não se trata de algo para amedrontar e causar espanto, mas sim para o ressurgimento da esperança, para aqueles que se mantiverem vigilantes e atuantes na prática da justiça. Jesus alerta para que os seus discípulos não se deixem enganar pelos falsos profetas e mantenham firmes na convicção do seguimento d'Ele, pois: "e permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!" (Lc 21,19)
O texto de Lucas deste 33º Domingo Comum situa-se na última semana de Jesus, em que Ele avista no seu horizonte próximo, a sombra da cruz. Mesmo neste cenário da morte eminente de Jesus na cruz, Ele continua ensinando os seus discípulos, pois serão eles os continuadores que deverão prosseguir com a missão pelo testemunho. E, assim como Jesus encontrou resistência e foi rejeitado, eles também serão perseguidos, presos, torturados, julgados e até mesmo mortos, por continuarem a ação d'Ele. Mas eles não devem ficar preocupados com a própria defesa. O importante é a coragem de permanecerem firmes até o fim, solidários com as causas dos que mais sofrem, os empobrecidos. Para os discípulos permanece a afirmação feita por Jesus no final do capítulo 16 do Evangelho de João: Eu disse essas coisas, para que vocês tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; Eu venci o mundo". (Jo 16,33)
Fazer o que deve ser feito
(Chico Machado)
Terça feira da 32ª Semana do Tempo Comum. Uma terça feira em que a liturgia nos permite celebrar a Memória de São Martinho de Tours, bispo. Filho de pais pagãos foi atraído ao cristianismo ainda aos 12 anos de idade, desejoso de ser um monge asceta e retirar-se para o deserto. Tornou-se o bispo da Cidade dos Turões, atual Tours, região central da França. Um de seus gestos que se tornou mais conhecido, foi de quando retirou o seu manto e vestiu um mendigo, refletindo a citação de Mateus: "Eu estava nu e me vestistes". (Mt 25,36) Ao final de sua vida, fez a entrega de si mesmo recitando esta oração: "Senhor, se ainda sou necessário ao vosso povo, não me recuso a sofrer. Seja feita a vossa vontade!" Não foi canonizado…formalmente por um papa, pois viveu e foi venerado antes que a Igreja Católica implementasse esse processo de canonização.
Uma terça feira em que as árvores e aves do meu quintal amanheceram em festa, depois da boa chuva que caiu na tarde/noite de ontem. O calor estava insuportável e, de uma hora para outra, São Pedro ficou carrancudo, e despejou a água em profusão do céu. O tempo estava tão seco que centenas de pássaros ficaram em meu quintal, cantarolando feito crianças na chuva. Cada folha, acolhendo com alegria, a água que caia. Literalmente um banho de chuva. Só não fiz companhia a eles, por causa dos relâmpagos, acompanhados pelos fortes trovões. Fiquei só na vontade, de fazer a criança que dormita dentro de mim, se divertir também na chuva. Depois da chuva, o clima era outro, predominando o frescor, bom para dormir o sono dos justos.
Para os amantes da boa leitura, hoje é um dia especial. A humanidade recebia da comunidade russa o nascimento do filósofo e escritor, Fiódor Dostoiévski (1821-1881). É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história. Precursor do existencialismo, para quem deseja fazer uma incursão pelas suas obras, aconselho começar pelo livro "Notas do Subterrâneo ou Cadernos do Subterrâneo", obra publicada em 1864. Trata-se de uma novela de Dostoiévski, em que o personagem faz um mergulho nas profundezas do desespero humano. Uma das frases atribuídas a este pensador resume toda a sua caminhada existencialista literária: "Todos somos responsáveis de tudo, perante todos. Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão".
A literatura é sumamente importante, mas a nossa caminhada aqui é no intuito de meditar com o texto que a liturgia nos possibilita refletir na nossa caminhada de fé. O Evangelho da vez é o de Lucas que, sequencialmente, estamos lendo neste final do ano litúrgico do Ciclo C. Quatro versículos apenas, em que Jesus continua com a prática pedagógica de "ensinante", para os "aprendentes" discípulos, se assim quisermos falar a mesma linguagem de nosso educador maior Paulo freire, que nos assegurava que todos devemos ser "ensinantes" a "aprendentes" ao mesmo tempo. Uma relação dialética, recíproca e horizontal, se assim quisermos recusar a "educação bancária", propondo um processo dinâmico no qual os papeis se misturam e se transformam constantemente.
Jesus ensinando os seus discípulos porque, de agora em diante, eles serão os apóstolos continuadores da missão evangelizadora aos pobres, a partir da prática libertadora do Mestre Galileu. O cunho central de todo este ensinamento de Jesus está contido na última frase do texto de hoje, em que Ele afirma diante dos seus: "quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer". (Lc 17,10) Fazer o que deve ser feito, é a missão de todos e de cada um de nós, fundamentados pelas palavras do Evangelho, quando nos colocamos na mesma caminhada com Jesus, fazendo adesão ao seu projeto do Reino. Servos conscientes da missão de servir sempre, como foi toda a vida do Jesus histórico na sua caminhada pela periferia da Palestina de seu tempo.
"O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos". (Mt 20,28) Servir é a missão de quem abraça as causas com Jesus. Fazer o que precisa ser feito, pois na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a disposição e entrega para o serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum de todos e todas. Ter a humildade suficiente para nos colocarmos no lugar do serviço gratuito, lembrando que Deus não precisa de nós e nem da nossa ajuda, mas quer contar conosco para o seu projeto de amor, aqui e agora personificado em Jesus de Nazaré. "Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça". (Jo 15,16)
